ENTRE-OUVIDAS...

No ônibus, claro.

Cena 1 - Indo para o Centro:

Motorista (falando um pouco alto demais para o momento e a quantidade de gente ao redor) - Cara, tá vendo aquele terreno ali? Aquele comprido?
Cobrador (tentando não falar muito alto) - Tô, meio estreitinho, né? Comprido, mas muito estreito.
Motorista (elevando o tom um pouco mais do que o necessário) - Chuta quanto que tão pedindo por ele. Chuta aí!
Cobrador - Sei lá, cara!
Motorista (a um passo de começar a berrar) - Tu não vai acreditar, cara! Chuta aí! Por baixo, por baixo!
Cobrador (louco para enfiar o pedal do acelerador na boca do motorista) - Bá, cara, não faço idéia! Sei lá, uns 60 mil.
Motorista (definitivamente aos berros) - Multiplica isso por dez, cara!!
Cobrador (sacudindo a cabeça, descrente do que ouvia) - ...
Motorista - ISSO MESMO, CARA!! 160 MIL!! TU ACREDITA NISSO?!?!

Eu não acredito, mas foi assim mesmo...

Cena 2 - Indo para a Zona Norte:

Moça (falando ao celular, deus sabe com quem) - Cuméquié (achei válido registrar o evento lingüístico), Fulano?! Tu vai me matar, Fulano?! Repete, Fulano!! Repete que tu vai me matar!! RE-PE-TE-QUE-TU-VAI-ME-MA-TAR, FULANO!!

(Já falei para vocês sobre a minha teoria de que quando o nome da pessoa é repetido à exaustão, é porque a coisa vai desandar mesmo, não falei? Pois é. As teorias que a vida confirma...)

Moça - Quem vai te matá sou eu, Fulano. Tá me ouvindo, infeliz? Quem vai te matá sô eu, desgraçado! Eu não tenho medo de ti! Tu é que tem que tê medo de mim!! QUANDOTUSAIRPRARUATUOLHABEMPROSLADOFULANO!!!! Porque eu vô tá te esperando na quebrada, Fulano!! Eu vô te pegá, Fulano!! Quem vai te matá sô eu, Fulano!!! (tentei manter o registro o mais fiel possível, mas não dá)

Infelizmente, tive que descer do ônibus... Uma lástima!! Queria saber o que Fulano recebeu de ameaças.