RELIGIOSOS USAM MARCHA PARA JESUS PARA DISSEMINAR PRECONCEITO CONTRA HOMOSSEXUAIS
LÍDERES USAM ATO RELIGIOSO PARA PREGAR INTOLERÂNCIA AOS HOMOSSEXUAIS
A 19ª edição da Marcha para Jesus, que reuniu milhares de fiéis nesta quinta-feira, na zona norte de São Paulo, foi marcada pelas duras críticas de alguns líderes religiosos a temas como a união homoafetiva aprovada em maio pelo STF, atos de homofobia e legalização da maconha. Em discursos que deveriam pregar paz, amor, união e respeito ao próximo, os "representantes de Deus" utilizaram seus discursos para disseminar ódio, intolerância e preconceito entre os fiéis.
O pastor Silas Malafaia – que faz questão de sempre se colocar contra os direitos civis dos homossexuais – fez um discurso radical e vulgar utilizando termos como "otário" e "lixo moral", além de criticar a decisão do Supremo de legalizar a união estável entre casais do mesmo sexo. "O STF rasgou a Constituição que, no artigo 226, parágrafo 3º, diz claramente que união estável é entre um homem do gênero masculino e uma mulher do gênero feminino. União homossexual uma vírgula", disse.
Malafaia ainda orientou seus fiéis a não votarem nos parlamentares que se posicionarem a favor do PLC 122, que criminaliza a homofobia. "Ninguém aqui vai pagar de otário, de crente, não. Se for contra a família não vai ter o nosso voto", ameaçou. Ele ainda defendeu a desobediência por parte de pastores caso o projeto de lei seja aprovado. "Eles querem aprovar uma lei para dizer que a Bíblia é um livro homofóbico e botar uma mordaça em nossa boca. Se aprovarem o PL 122 no mesmo dia, na mesma hora, tudo quando é pastor vai pregar contra a prática homossexual. Quero ver onde vai ter cadeia para botar tanto pastor."
Ele ainda chamou de "lixo moral" as pessoas que questionam a interferência da Igreja no Estado, argumentando que "os países mais práticos e as democracias mais evoluídas do mundo tem origem no protestantismo". Em tons mais amenos, o deputado e pastor Marcelo Crivella e o apóstolo Estevam Hernandes – que já foi condenado pelo crime de evasão de divisas, pelo qual pagou uma pena de 140 dias de prisão nos EUA – sustentaram o posicionamento de Mafalaia contrário aos homossexuais.
Durante a cobertura do evento, o jornalista Ricardo Galhardo, do site Último Segundo, presenciou um fato um tanto inusitado. Ao questionar sobre o tema o auxiliar de informática Natanael da Silva Santos, de 19 anos, que foi à marcha usando calça apertada, cinto de taxinhas e a tradicional franja emo, o jovem declarou: "Quem defende o homossexualismo (sic) e a maconha está aqui a serviço de Satanás". Ao ouvir a declaração, a aposentada Jovelina das Cruzes, de 68 anos, interviu: "Vocês estão falando sobre o que não conhecem. Meu sobrinho é gay e é um rapaz maravilhoso. Ótimo filho, muito educado, muito honesto e estudioso. Já o meu filho é machão e vive batendo na esposa, não respeita ninguém, não para no emprego".
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