VOLTANDO

Então, passado o período de luto oficial pela morte de Clodovil, retomamos nossas atividades. Não que haja muita coisa para contar, porque não há, mas acho que meu espírito obsessor camarada ficou ofendido com o que escrevi e desde então não deu mais as caras. Quer dizer, os palpites. Está no mais absoluto silêncio até agora. Ou, talvez, continue de luto por Clô. Vai saber...

Enfim, enquanto isso, alguém precisa abastecer estas linhas em branco. Foi então que, dia desses, conversava eu com uma pessoa (de inefável e inebriante sorriso) justamente, vejam vocês, sobre este blog. A pobre e incauta moça pedia o link para que pudesse acompanhar estes irregulares e periclitantes escritos, quando, sabe deus por que obscuros motivos (eu, pelo menos, não lembro), acabamos falando de carnaval. Quem lia o blog antigo sabe que este assunto me fascina, principalmente no que toca ao carnaval de Porto Alegre. Eis que, então, sugere-me ela que eu escrevesse a respeito. O que na hora pareceu descabido, hoje, após longa e minuciosa meditação, soa como um canto divino.

Ora, se a função primeira deste blog é servir de tela para retratar as coisas (bizarras, principalmente) que acontecem na minha vida, nada melhor para dar início a este processo quanto um assunto que me atormenta há bilênios e do qual não faço a menor questão de manter em sigilo. Muito antes pelo contrário, grito aos quatros ventos para quem quiser (e quem não quiser também) ouvir. E quem me conhece sabe que eu acho o carnaval de Porto Alegre um equívoco.

A partir daqui sei que estarei suscitando ódios primitivos e viscerais, que serão expostos através de palavras duras e carregadas de fel. Que se dane! Não gostou, meu filho? Vá lamber sabão! Ou, traduzindo em bom português, foda-se!!

O carnaval de Porto Alegre é, sim, um equívoco. Aliás, é um equívoco tão grande que a até as forças elementais mandam sinais de que tal evento não deveria ocorrer jamais! Ou ninguém ainda se deu conta de que TODOS os anos chove torrencialmente durante o carnaval de Porto Alegre? É um sinal dos céus, meninos e meninas, pura e simplesmente! São Pedro mandando um recado direto e reto: - Parem já com isso ou eu alago tudo!!

Alguém ouve São Pedro? Alguém? Não! Aí o que acontece? Chuva. Torrencial. Todo santo ano! Tá, algumas vezes nem é tão forte assim, mas já serve pra deixar aquele plumaredo todo murcho. O que é uó da canequinha, vamos combinar.

Não bastasse aquele bando de travesti feia, ainda tem uma panelada de gente mais feia ainda (uma mulherada miserável, rebolando feito umas loucas em cima do carro alegórico (?!), rezando para aparecer nas câmeras da RBS TV e expor toda a sua constelação de celulites), enrolada em não sei quantos metros de pluma murcha. Uma coisa MA-RA-VI-LHO-SA amigos e vizinhos! Um LU-XO!!! Aí aparece na legenda o título da fantasia: “Esplendor e Glória do Pavão Ensopado”, e as pessoas ainda querem dizer que Porto Alegre tem escola de grupo especial. EspAcial, talvez, porque o que tem de ET por lá, vou te contar...

Sim, eu sei que não dá para comparar com Rio e São Paulo (outro equívoco, na minha opinião. Paulista sabe fazer pastel, pizza, engarrafamento e enchente. Carnaval não), o que, aliás, nem sonho fazer, porque, simplesmente, não há termo de comparação. Tampouco assisto os desfiles (sim, eu assisto) para fazer comparações. Minha opinião baseia-se apenas e tão-somente naquilo que vejo (a saber: gente feia, com fantasias mal feitas e mal acabadas, desfilando uma animação digna do cortejo fúnebre da tia-avó). Gente, peloamordedeus, aquilo não tem cabimento!! É uma pobreza de dar dó!! Pra que continuar com este martírio?? Por que as pessoas não pegam o dinheiro que gastam naquilo e vão fazer outra coisa? Sei lá, comprar tudo de confete, serpentina e cerveja quente e pra se acabar em algum baile de carnaval decadente. Ou passar o dia em um parque aquático, daqueles bem fubazentos, cheio de gente perebenta dentro da piscina (que é um pouco maior que um tanque para criar carpas), fazendo churrasco de carne de segunda regado com muita cerveja quente. Pelo menos isso não tem cobertura da TV.

Ok! Ok! Que venham as pedras. A liberdade de expressão é isso aí! Quem nunca, nem por um segundo, pensou assim, que atire a primeira tijolada. Ou o primeiro tamborim...

E, antes que eu me esqueça, dinamitem aquela maldita pista de eventos (inacabada até hoje) e usem a área toda para alguma coisa útil, como casas populares ou um novo presídio, por exemplo. Mas alguma coisa que tenha, de fato, utilidade.