PORQUE NEM TUDO SÃO FLORES... DO PÂNTANO

Eu sei que sempre reclamo dos ônibus, que são cheios de gente fedida, espaçosa e sem noção. Porque são mesmo. Mas dia desses, porque eu sempre tenho que acabar mordendo a língua por causa dessas generalizções, estava eu indo ao Centro, bem limpinha, cheirosa, banho tomado, aquela coisa toda, quando entrou um velhinho e, ao passar a roleta, olhou direto pra minha cara. Parecia que ele sabia de tudo o que eu falo, escrevo e reclamo dos passageiros e vinha pronto para se vingar por toda esta massa de excomungados.
E o velhinho veio firme na minha direção, visivelmente decidido a sentar ao meu lado. Como não tinha para onde fugir, suspirei e me conformei, afinal, ainda tinha muito chão pela frente até o Centro. Para minha supresa (gigante, por sinal), o velhinho não era fedido e muito menos espaçoso. Caras, vocês não vão acreditar!! O velho tinha cheiro de talco!! E não era talco para disfarçar a falta de banho não. Era talco DEPOIS do banho!!
PELOAMORDEDEUS!! Me digam quantas pessoas com mais de 2 anos de idade ainda usam talco hoje em dia??
E o velhinho tinha cara de avô das antigas, aqueles que eram avôs mesmo, tipo que os meus foram. Aqueles que levavam para passear e compravam algodão-doce. Bom, para ser sincera, o meu comprava aquelas casquinhas que os caras vendiam na Redenção, que, aliás, ainda existem, mas não têm o mesmo gosto. Não mesmo! E os vendedores nem usam mais aquelas matracas (é assim que chama aquele bagulho que eles vinham batendo para chamar a nossa atenção?) que eu adorava!
Mas, enfim, o caso é que estou aqui para contar que, no mundo fedido, espremido e sem noção do transporte coletivo, ainda existem alguns oásis. Ainda bem! A merda é que nunca mais vi o velhinho. Fiquei com vontade de perguntar se ele tinha netos e se os levava pra passear de bicicleta na Redenção...